Capítulo 4

Demonstrações Contábeis

Introdução

Neste capítulo, será abordado o planejamento das atividades da empresa, projetando o impacto de todos os seus planos operacionais, de investimento e de financiamento sobre as demonstrações contábeis da organização empresarial. Vamos nos concentrar nas principais demonstrações: a Demonstração de Resultados, o Balanço Patrimonial e a Demonstração de Fluxo de Caixa.

Para facilitar sua compreensão, este capítulo está dividido nas seguintes unidades:

  • Unidade 1 – Demonstração de Resultados (DRE)
  • Unidade 2 – Demonstração de Fluxos de Caixa
  • Unidade 3 – Balanço Patrimonial (BP)
  • Unidade 4 – Integração

Objetivos

Ao concluir este capítulo, você estará apto a:

  • conhecer as informações necessárias para a projeção das demonstrações contábeis orçadas: Demonstração de Resultados, do Balanço Patrimonial e do Fluxo de Caixa;
  • entender que as demonstrações contábeis permitem a análise global do processo de planejamento e estão interligadas às revisões dos orçamentos operacionais, investimentos e financiamentos;
  • utilizar o orçamento como uma ferramenta de planejamento e de simulação, conhecendo as inter-relações entre os planos operacionais, os planos de investimento e as demonstrações contábeis.
Unidade 1

Demonstração de Resultados (DRE)

Seja bem-vindo(a) à Unidade 1 deste curso e aproveite os tópicos de estudo sobre a Demonstração de Resultado do Exercício (DRE).

A DRE é a confrontação entre receitas e despesas incorridas no ano e apuradas conforme o regime de competência.

O DRE do nosso exemplo de caso está estruturado conforme os valores já projetados nos capítulos 2 e 3.

Para concluir esse demonstrativo, resta completá-lo com as receitas ou despesas financeiras de curto prazo, o que será feito quando elaborarmos o “Fluxo de Caixa”.

Passos para uma projeção de Demonstração de Resultados

Cardoso (2012, p. 112) aponta alguns passos para serem lembrados na confecção de uma projeção de demonstração de resultados. Clique nos cards abaixo e confira quais são.

Demonstração do Resultado do Orçamento (DRE)

Confira na figura abaixo a ilustração que demonstra o resultado do orçamento para os meses de janeiro e fevereiro. Perceba que a coluna da direita visa auxiliar a consulta da referência dos valores das respectivas linhas.

Fonte: Elaborada pelos autores, 2018.

No exemplo abaixo, veja o quadro da participação nos lucros e considere que, quanto à participação dos lucros, a empresa tenha previsto distribuí-las da seguinte forma: participação dos lucros a empregados (5%) e aos administradores (também 5%).

Fonte: Elaborado pelos autores, 2018.

Unidade 2

Demonstração de fluxos de caixa

A demonstração de fluxos de caixa retrata a movimentação da conta de disponibilidade financeira (Caixa e Bancos): as “Entradas” e as “Saídas de Caixa”. Saiba mais sobre o assunto agora, nos tópicos de estudo da Unidade 2.

Há dois métodos para a elaboração dos fluxos de caixa, saiba quais são a seguir!

Métodos para a elaboração do fluxo de caixa

Há dois métodos para sua elaboração: o método direto e o método indireto. Para fins de orçamento, adotaremos o método direto, no qual observa-se os saldos após as movimentações de saldo iniciais (+) entradas (-) saídas.

O Saldo Final de Caixa gerado é calculado pelo Saldo Inicial de Caixa, mais os saldos das atividades: operacional, investimento e financiamento. Clique nos títulos abaixo para mais informações sobre cada um deles.

Recebimentos das vendas

No nosso exemplo, vamos supor que a empresa conceda crédito aos clientes nos seguintes termos: 30 dias para 90% das vendas e 60 dias para 10% das vendas. O valor a ser cobrado é a Receita Bruta menos o desconto comercial, mais o IPI das vendas. Abaixo, veja o quadro da composição do Contas a Receber de Clientes.

Fonte: Elaborado pelos autores, 2018.

Pagamentos

Nos pagamentos de impostos, o recolhimento (pagamento) do tributo apurado em determinado mês ocorre no mês seguinte. O saldo a recuperar, do mês anterior, é transferido para a conta de “Impostos a Recolher”. A última etapa é o registro do crédito dos impostos sobre a venda do mês.

Os quadros do slideshow abaixo apresentam essas duas apurações, clique para conferir.

  • Veja no quadro acima a apuração de pagamento de tributos: ICMS, PIS, COFINS.

  • No quadro acima, confira a apuração de pagamento da tributação IPI.

  • Para pagamentos relativos a atividades operacionais, a partir do segundo mês (fevereiro), os fluxos são obtidos por meio das compras (com IPI), assumindo-se que são pagas com prazo de 30 dias; e das despesas, respeitando-se a seguinte premissa quanto ao seu prazo de pagamento. Confira o quadro.

  • O quadro acima mostra o agrupamento dos custos de mão de obra direta (MOD) e os indiretos de produção (CIP), sem considerar matéria prima, com as despesas de “Vendas” e “Administrativas”. Na categoria “Demais Gastos”, cabe somar a parcela à vista com a parcela a prazo (incorrida no mês anterior).

  • No quadro, confira o agrupamento de gastos (demais custos indiretos e despesas de vendas e gerais de administrativas por mês) e condições de pagamento. Perceba que o valor total pago, marcado em vermelho, será demonstrado no Fluxo de Caixa de fevereiro.

  • O quadro acima apresenta a demonstração confeccionada para os dois meses orçados. É importante observarmos que, caso o saldo final de caixa (ou disponibilidades) encontrado fosse negativo, teríamos que calcular um empréstimo de curto prazo para “fechar o caixa”. Para lembrar: 1. em fevereiro alguns funcionários estarão de férias e haverá um desembolso de R$ 5.667, que inclui 1/3 de adicional de férias (2 x R$ 2.833 x 1/3); 2. a apuração de IR e CSLL e o respectivo pagamento é trimestral.

Unidade 3

Balanço Patrimonial (BP)

O Balanço Patrimonial, como sabemos, é composto de Ativo, Passivo Exigível e Patrimônio Líquido. Nesta terceira Unidade, entenderemos mais sobre os itens que o compõem.

Siga atento a seus estudos para acompanhar as informações sobre o BP!

Ativo Circulante

No Ativo Circulante são registrados os bens e os direitos de curto prazo realizáveis ao longo do exercício social subsequente. No Ativo Não Circulante, por sua vez, são classificados os direitos realizáveis após o final do exercício subsequente, assim como os bens de utilização permanente.

 

Patrimônio Líquido

No Patrimônio Líquido, uma parcela do lucro poderá ser distribuída aos sócios na forma de dividendos; outra parte do lucro poderá ser destinada à formação de reservas; enquanto uma terceira parcela poderá, em tese, ser incorporada ao próprio capital social.

Como as contas do balanço são permanentes, o saldo de qualquer mês parte do saldo do mês anterior. Como nosso primeiro mês projetado será janeiro, partiremos dos saldos do balanço de dezembro do ano anterior (digitado por ser um modelo de exemplo).

As contas do ativo

Observemos as projeções dos saldos das contas dos ativos da empresa, que se referem ao conjunto de bens e diretos e são controlados por uma empresa, que derivam de eventos ocorridos no passado e que tem potencial de gerar caixa futuramente.

Clique na aba à direita para visualizar a Apuração da conta de “Contas a Receber”, ou “Clientes”.

Fonte: Elaborado pelos autores, 2018.

Fonte: Elaborado pelos autores, 2018.

Fonte: Elaborado pelos autores, 2018.

Fonte: Elaborado pelos autores, 2018.

A conta “Clientes” tem um saldo inicial de Janeiro de R$1.200.000 (saldo em 31/12) e é adicionada (debitada) pela receita de venda a prazo e pelo IPI das vendas, deduzidos do desconto comercial, conforme já foi apurado no capítulo 2 – Unidade 1. Por outro lado, será diminuída (creditada) pelo recebimento das vendas, de acordo com a política de crédito concedida aos clientes.

A conta “Clientes” tem um saldo inicial de Janeiro de R$1.200.000 (saldo em 31/12) e é adicionada (debitada) pela receita de venda a prazo e pelo IPI das vendas, deduzidos do desconto comercial, conforme já foi apurado no capítulo 2 – Unidade 1. Por outro lado, será diminuída (creditada) pelo recebimento das vendas, de acordo com a política de crédito concedida aos clientes.

A conta “Clientes” tem um saldo inicial de Janeiro de R$1.200.000 (saldo em 31/12) e é adicionada (debitada) pela receita de venda a prazo e pelo IPI das vendas, deduzidos do desconto comercial, conforme já foi apurado no capítulo 2 – Unidade 1. Por outro lado, será diminuída (creditada) pelo recebimento das vendas, de acordo com a política de crédito concedida aos clientes.

A conta “Clientes” tem um saldo inicial de Janeiro de R$1.200.000 (saldo em 31/12) e é adicionada (debitada) pela receita de venda a prazo e pelo IPI das vendas, deduzidos do desconto comercial, conforme já foi apurado no capítulo 2 – Unidade 1. Por outro lado, será diminuída (creditada) pelo recebimento das vendas, de acordo com a política de crédito concedida aos clientes.

Apuração da conta de “Estoques de Produtos Acabados”

A conta de Estoque de Produto Acabado é adicionada ao custo de produção do mês (formado pelo custo de matéria-prima, custo de mão de obra direta e custos indiretos de fabricação). Além disso, será mensalmente diminuída pelo Custo do Produto Vendido. Abaixo, confira o quadro.

Fonte: Elaborado pelos autores, 2018.

Fonte: Elaborado pelos autores, 2018.

Apuração da conta de “Estoques de Matéria Prima”

A conta do Estoque de Matéria-Prima (MP) é adicionada por “Compras sem ICMS”, conforme apurado no capítulo 2 – Unidade 2.

O valor do “Custo de Matéria-Prima” é transferido para a de “Estoque de Produto Acabado” à medida que os insumos forem requisitados para produção.

Apuração da conta de “Imobilizado” e Depreciação Acumulada

No Ativo Não Circulante, o ativo imobilizado bruto é adicionado por investimentos em bens de capital. Já a conta redutora desse ativo, a depreciação acumulada, será creditada pelo valor da despesa de depreciação, conforme apurado no capítulo 3 – Unidade 2. Confira os quadros abaixo.

Fonte: Elaborados pelos autores, 2018.

As contas do passivo

As projeções dos saldos das contas dos passivos da empresa representam recursos de terceiros que financiam a empresa.

São as obrigações presentes da empresa que derivam de eventos ocorridos no passado e geram expectativa de redução futura dos ativos, quando da liquidação dessas obrigações.

Apuração da conta de “Salários a Pagar”

Em “Salários a Pagar”, seu saldo aumenta devido à despesa de salários incorrida no mês, conforme estudamos no capítulo 2 (tanto “Fábrica”, quanto “Vendas” e “G&A”).

Por sua vez, o saldo será diminuído pelo respectivo pagamento. Verifique o quadro à direita.

Fonte: Elaborado pelos autores, 2018.

Veja no quadro que, da mesma forma, as contas de provisão de férias e décimo terceiro aumentam pelas respectivas provisões e diminuem pelo pagamento dessas obrigações trabalhistas.

O mesmo ocorre com a conta de INSS e FGTS a recolher (tributos que incidem sobre os salários e obrigações trabalhistas), confira no quadro.

Apuração da conta de “Fornecedores”

“Fornecedores” é a conta relativa às compras a prazo de insumos adquiridos junto aos fornecedores (com ICMS, acrescidas de IPI);

Fonte: Elaborado pelos autores, 2018.

Apuração da conta de “Fornecedores”

“Fornecedores” é a conta relativa às compras a prazo de insumos adquiridos junto aos fornecedores (com ICMS, acrescidas de IPI). Clique na aba à direita para acessar uma ilustração desse tipo de apuração.

Fonte: Elaborado pelos autores, 2018.

Acima, confira o quadro que mostra a apuração “Fornecedores”.

Consolidação da conta de “Contas a Pagar”

A rubrica “Contas a Pagar”, no nosso caso, engloba os custos indiretos de fabricação, exceto a depreciação dos ativos industriais e as despesas de vendas e G&A, exceto as despesas de salários e encargos e a depreciação dos ativos administrativos. Abrange, também, custos e despesas com benefícios. Da mesma forma, seu saldo aumenta pela despesa e diminui pelo pagamento. Verifique o quadro a seguir:

Fonte: Elaborados pelos autores, 2018.

A próxima conta do exemplo é a de “Impostos a Recolher”, na qual foram reunidos o ICMS, o PIS e o COFINS (e receberá, por transferência, o saldo de ICMS a recuperar do mês anterior). No exemplo, o PIS e o COFINS seguem o regime cumulativo, não há PIS e COFINS a recuperar. Essa conta é diminuída pelos respectivos pagamentos, diminuindo seu saldo. Observe que o IPI tem o seu tratamento diferenciado, por ser um imposto “por fora”.

Na aba à direita, veja a ilustração do quadro da consolidação da conta de “Tributos IR e CSLL a recolher”.

Lembrando que é apenas um exemplo, pois a projeção de tributos depende de cada empresa e da legislação vigente.

Fonte: Elaborado pelos autores, 2018.

A conta “Provisão de IR e CSLL” tem período de apuração e recolhimento trimestral.

Apuração da conta de “Financiamentos”

A conta de “Financiamentos”, no Passivo Circulante, sofre adições por causa da captação de novos empréstimos, com vencimento no horizonte dos próximos 12 meses, ou, ainda, por juros incorridos e não pagos.

A sua redução se dá pela amortização dos empréstimos, ou, ainda, pelo desembolso de juros.

VOCÊ SABIA?

Fonte: Elaborado pelos autores, 2018.

Fechando o balanço

Abaixo, veja a demonstração do Balanço Patrimonial orçado para os meses de janeiro e fevereiro.

Fonte: Elaborados pelos autores, 2018.

Unidade 4

Integração

Nesta quarta, e última unidade, vamos criar um caso hipotético, tomando como ponto de partida o exemplo que construímos ao longo do curso, acompanhe!

Conclua seus estudos sobre a disciplina de Orçamento Empresarial estudando um caso que ilustra o que vimos até então.

Considere que a empresa deseja avaliar o impacto de uma campanha promocional, na qual o preço de venda dos produtos, em janeiro, é reduzido em 10%.

Além disso, acima de um determinado volume comprado, o cliente teria maior prazo de pagamento, de tal sorte que 30% das vendas seriam recebidas em 60 dias. Em contrapartida, a quantidade vendida, em janeiro, de cada produto aumentaria 20%. Clique na aba à direita para mais informações.

Fonte: Elaborado pelos autores, 2018.

Acima, veja a simulação de vendas (Receita Bruta), no caso hipotético alternativo.

Fonte: Elaborado pelos autores, 2018.

Confira ao lado a simulação DRE, no caso hipotético alternativo.

Simulação “Contas a Receber” no BP do caso hipotético alternativo

Veja, abaixo, como ficou a composição do Contas a Receber e a projeção dos recebimentos. Observe que, com base nos impactos que as demonstrações contábeis apresentarem, impactos de rentabilidade, liquidez, endividamento etc., os gestores poderão decidir pela conveniência da adoção daquele curso de ação.

Fonte: Elaborados pelos autores, 2018.

Encerramento

Neste capítulo, estudamos técnicas de análise econômico-financeira que as empresas utilizam para tomar a decisão de fazer investimentos de capital. Também vimos como financiar tais investimentos, buscando a compreensão das variáveis envolvidas no processo.

Para consolidar nosso estudo neste capítulo, elaboramos o orçamento das principais demonstrações contábeis: o Demonstrativo de Resultados, o Balanço Patrimonial e o Demonstrativo de Fluxos de Caixa.

Com essa verificação, este quarto capítulo permitiu completar seu conhecimento a respeito das inter-relações entre os planos e as demonstrações, assim como entre as próprias demonstrações contábeis. Por último, mostramos, com um exemplo, que o orçamento pode ser usado como uma poderosa ferramenta de planejamento e simulação.

Palavra do Professor